Por: Marta Ribeiro
Há aproximadamente 6 anos comecei a cozinhar semanalmente refeições para um grupo de crianças de um projecto educativo de Braga.
Neste último ano lectivo transformei o momento da confecção das refeições em algo com um carisma mais comunitário e de aprendizagem. Chamei-lhe Oficina Aprender na Cozinha.
Todas as quartas-feiras às 10h juntava-me a 3 pequenos e lá íamos cozinhar para o restante grupo enquanto aprendíamos sobre os alimentos (origem, qualidade e características) e como confeccionar uma refeição adequada e equilibrada.
No total o grupo tinha 12 elementos que foram rodando de três em três, de quarta em quarta, com idades entre os 7 e os 12 anos.
Três palavras podem definir, para mim, o que foi esta experiência: divertida, desafiante e gratificante.
Divertida, porque constantemente era surpreendida por expressões e atitudes inesperadas, mas sempre contextuais e criativas.
Desde o tipo de salada que eles criavam, com os ingredientes disponíveis, assim como o nome que se lhe dava, até o adicionar de uma especiaria que não estava nos planos, mas que fez toda a diferença.
Desafiante por várias razões:
- Porque as crianças podem ser os maiores críticos de gastronomia que há à face da Terra.
- Porque os utensílios de cozinha de repente podem transformar-se em adereços de histórias alucinantes e estapafúrdias.
- Porque nem sempre lhes apetecia estar ali e era necessário ter uma refeição pronta para todos às 13h.
- Porque as refeições sempre foram vegan e nem todas as crianças têm este contexto nas suas realidades familiares.
Gratificante porque aprendi imenso nesta partilha com estes pequenos sábios atentos e “desatentos”.
Aprendi a chegar até eles, criando formas entusiastas de cozinhar, aceitando a criatividade deles e respeitando a dinâmica do estado de espírito de cada um.
Vi-me como condutora dos recursos humanos disponíveis de forma a atingir um objectivo – uma refeição com qualidade pronta a servir às 13h e com todos felizes.
A imagem que guardo quando penso nestas quartas-feiras é o sorriso autêntico de cada um.
Ainda hoje, quando estou com eles há uma empatia e uma intimidade únicas que naturalmente se cria na cozinha. Porque na cozinha tudo se conversa e o trabalho de grupo é muito fiel.
E muitas histórias arrecadei para contar.
Um exemplo de uma das ementas:
- Sopa de Legumes,
- Almôndegas de Tofu com Nozes,
- Molho de Tomate Mentira,
- Puré de Millet
- Salada Colorida
Assim, a receita de hoje é:
Almôndegas de Tofu com Nozes
Ingredientes:
- 250 g de tofu fresco
- 1 cebola
- 1 alho
- ½ chávena de miolo de noz
- Sal integral fino
- Azeite ou óleo de girassol ou grainha de uva qb para fritar
Preparação
- Desfaça o tofu para uma taça com as mãos.
- Adicione a cebola bem picadinha e o alho ralado. A cebola é opcional. Há crianças que não gostam mesmo de sentir os seus pedacinhos crocantes. No entanto podemos sempre dar a volta, picando a cebola numa picadora até ficar quase em puré. Pois a cebola aqui nas almôndegas vai dar uma humidade especial e um saborzinho também.
- Tempere com sal e acrescente as nozes grosseiramente picadas.
- Envolva tudo novamente e forme bolinhas apertadinhas com as mãos.
- Aqueça um pouco de azeite numa sertã. A quantidade suficiente para grelhar as almôndegas.
- Deixe uns minutos até formar uma crostinha amarelada e depois vá virando as bolinhas até ficarem todas uniformemente douradas.
Pode acompanhar com um Molho de Tomate Mentira:
- Numa panela sobre 2 colheres de sopa de azeite, disponha 1 cebola cortada em meias luas, 1 dente de alho, 1 cenoura (grande) cortada em fatias diagonais, 1 pimento vermelho em cubos grandes, 1 folha de louro e uma pitada de sal integral.
- Acrescente água até a superfície dos vegetais e tape a panela.
- Depois de levantar fervura, baixe a temperatura para o mínimo e deixe cozinhar durante 20 minutos.
- Reduza os vegetais a puré e rectifique os temperos.
- Pode adicionar oregãos para lembrar os que gostam muito de pizza.
Até já …