Aprender a desconectar

Uma das formas mais poderosas de criar possibilidades é aprender a desconectar.

Nos dias de hoje aprender esta arte é fácil, no entanto, para pratica-la requer persistência e coragem.

Desconectar com qualidade permite alinhar com aquilo que é importante, definir novas rotas ou solidificar o caminho que se percorre neste momento.

Não é preciso poderes especiais, rapar o cabelo e tornar-se monge ou tornar-se um animal anti-social.

Existem várias modalidades à escolha:

Paragens rápidas

Estas paragens são breves – 10 minutos a duas horas. Não têm a ver com a quantidade de tempo, mas sim com a qualidade que se consegue dar a esse tempo.

  • Pequeno passeio após a refeição
  • Sesta – 20 minutos são o suficientes, não mais de 30, muitas vezes para mim bastam 8 [o meu record pessoal].
  • Desligar o telefone e/ou Internet por uma hora ou duas horas
  • Meditar ou fazer alguma prática energética – Yoga ou Chi Kung
  • Comer uma refeição de forma atenta – mastigar lentamente, sentir o sabor dos alimentos, pousar os talheres entre cada garfada
  • Contemplar – o mar, o horizonte, o rio, uma árvore ou a planta que tem em cima da secretária

Estas paragens destinam-se a recarregar as baterias, têm um carácter regular – o passeio habitual após o almoço, a prática diária de Chi Kung ou meditação. É na regularidade que está a sua utilidade. Desconectar o telemóvel uma hora por dia uma vez por semana é de uma eficácia nula se o objectivo é mesmo desconectar.

Paragens curtas

São paragens que habitualmente são planeadas vão de meio dia a 10 dias.

  • Desligar o telefone e/ou a Internet por um período superior a 2 horas
  • Uma manhã, uma tarde ou um dia por semana para fazer aquilo que bem entender
  • Uma semana de férias ou um fim de semana prolongado
  • Um retiro ou um workshop que sirva para potenciar este período
  • Uma caminhada de vários dias

Estas paragens devem ser mesmo devotadas a desconectar, não vou utilizar a minha manhã livre para ir às finanças por exemplo ou para tratar de um outro assunto que faz eriçar os cabelos da nuca. É preferível ter uma manhã livre por semana do que fazer um fim de semana prolongado uma vez por ano.

Paragens longas

Não servem só para desconectar servem para re-direccionar a orientação de vida actual – desmontar padrões, mudar de profissão, recuperar de situações traumáticas ou simplesmente recuperar de um período de desgaste intenso.

Tempo mínimo 5 semanas – penso que toda a gente conhece a sensação das férias de uma mês em que – “agora que estava a descansar é que tenho de voltar ao trabalho na próxima segunda-feira”.

Para mim existe uma teoria de conspiração nas férias de uma mês – descansam mas não libertam.

É a partir das cinco/seis semanas que o corpo começa realmente a descomprimir e a criatividade e a energia para mudar começam a surgir.

  • Caminhadas longas – Caminho de Santiago desde França – por exemplo
  • Ano sabático
  • Retiros longos

A paragem longa que eu considero neste momento bastante interessante é a da empresa que desenhou a casa da música no Porto. Trabalham sete anos em regime normal e param um ano por cada sete. Ver video em ted.com

Pequeno guia para desconectar passo a passo.

  • Começar pelo mais fácil, 10 minutos. Nesses 10 minutos pode parar, caminhar, respirar de forma consciente, fechar os olhos ou contemplar.
  • Ser modesto e consistente, mais vale uma prática simples mas sólida que uma prática complexa mas de pouca consistência.
  • Estes hábitos são gratuitos e dependem exclusivamente de si, não existem livros, Cd’s, Dvd’s que criem este tempo que necessita.
  • Começar hoje, se possível agora, não esperar pelo dia ideal, o estado de espírito ideal ou o local ideal para o fazer.
  • Evite comentar com terceiros até ter uma prática consistente – não é uma prática secreta, mas o tempo que está a explicar e argumentar o que está a fazer já poderia ter utilizado esse tempo para si.

Boas práticas

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