Como foi o nosso 2018

Quando eu e a Marta nos sentamos depois do Natal para rever o nosso ano tivemos o que pode ser definido como uma branca.

A única acontecimento que nos correu foi o nascimento do Ian em Junho e como isso foi o ponto alto deste ano – pelo menos a nível familiar.

Levou-nos algum tempo a desfocar e a criar uma visão panorâmica do que foi afinal o nosso ano para além do nascimento do nosso filho.

Fazer resenhas anuais é uma prática que recomendamos, que pode ser determinante na criação das intenções de ano novo – no entanto, as listas de intenções são uma coisa que já não se utilizam cá em casa.

Utilizamos as intenções diárias e como elas alinham ou não com o nosso propósito de vida.

2018 foi assim para nós um ano misto de integrar o que consideramos ser também um elemento da família a nutrir – o projeto Regenerar – com o que chamamos um “Happy Circus” composto por três crianças e dois adultos e um gato.

Para nós este é um desafio diário de que todos os aspetos da vida, sejam apenas um, porque somos humanos nem sempre é possível mas, pelo menos todo os dias acordamos com esse propósito e todos os dias investimos a nossa energia nesse sentido.

Até o Ian ter nascido pessoalmente ou em conjunto com a Marta realizamos um número considerável de cursos, compramos livros e experimentamos algumas aplicações e métodos de gestão de tempo, mas depois de Junho realizamos que não necessitávamos de procurar mais neste desejo de focar o que é essencial nas nossas vidas.

O tempo diminuí drasticamente para acolher o novo ser e isso por si só é o ponto de partida para descartar tudo o que afinal na vida é excessivo.

Ficou claramente delineado para nós o que é uma distração do que é essencial.

O tempo torna-se precioso e no nosso caso caem as redes sociais, caem tempos mortos na internet, caem práticas ou comportamentos para passar o tempo.

Se isso já estava presente ficou agora mais claro que a vida deve ser aproveitada e preservada como um bem sem valor.

E tudo o que nos afasta do nosso propósito foi sendo deixado para trás sem qualquer remorso.

Fica assim mais claro que queremos manter hábitos que já tínhamos:

  • Agendas de papel
  • Telefones de todo smart mas que fazem uma gestão mais inteligente do tempo
  • Casa sem televisão
  • Uma conta bancária
  • Zero cartões de crédito e zero crédito
  • O menos possível de plásticos

É de certa forma pacificador para nós ter um telefone que nos últimos 3 anos não necessitou de qualquer upgrade, aplicações novas, nunca se viu confrontado com questões de privacidade nem ataques por hackers, nunca partiu nenhum ecrã, e que uma carga de bateria dá para mais de uma semana.

O queremos planear no nosso dia podemos faze-lo com papel e caneta numa esplanada, sem ter de estar dependente de baterias ou conectividade.

E que isso afinal não nos afasta do mundo – muito pelo contrário.

Reduzimos consideravelmente a nossa formação pessoal mas também o que fizemos foi bom e extremamente nutritivo para nós e que acaba por ser transferido e partilhado com quem estuda connosco.

Os pontos altos deste ano para a Marta, para além de todos os livros que leu sobre amamentação e alimentação infantil, em conjunto com a prática diária de amamentação e comida para crianças , foi também a informação que usufruiu com o curso da Plant Lab – ficamos tristes de esta escola ter terminado – mas a informação recolhida foi de grande valor e nutritiva. A cozinha da Marta ganhou este ano também com tantas influências uma dimensão prática muito maior, abraçando cada vez mais os alimentos locais, o orgânico, o mais sazonal e o mais sustentável – sem perder o sabor e a frescura.

Para além do meu treino de Chi Kung, há dois anos sofri uma lesão no músculo piriforme que durante 6 meses me permitia em noites boas dormir 3 horas e para chegar à posição vertical sem dor poderia ir de 30 a 60 minutos. Esta crise trouxe uma mudança profunda na estrutura interna do meu treino e das minhas aulas à medida que na minha prática de Zhan Zhuang fui introduzindo elementos que me permitiam ir mais fundo e mais consciente à prática que já realizava. Neste processo conheci pessoas incríveis como o Fernando Lassa em San Sebatian um artista marcial de Wing Chun e Yiquan do Pais Basco, a Liz Koch que trabalha com o Psoas à mais de 40 anos, o Alfons Grabher que ensina Feldenkrais. Sabine Williams do Imperial Tutor que se dedica a traduzir textos clássicos ou o Jozef Furcek e a Linda dos Fighting Monkey. No final isso veio trazer uma maior solidez ao meu treino e às minhas aulas.

Um dos nossos propósitos e princípios é só estudarmos material que nos desperta curiosidade pela vida e é isso também que ensinamos.

Olhando para trás 2018 foi um ano rico de integração, de separação do que é essencial do que é acessório, da confirmação da importância do trabalho em equipa familiar ou comunitária para fluir com os desafio da vida.

E uma noção incorporada de que a felicidade é efetivamente mais significativa quando partilhada com todos os que nos rodeiam, e que todos nós temos algo para contribuir para essa felicidade conjunta.

E às vezes o que consideramos pouco é efetivamente muito.

Gostaríamos de agradecer profundamente às pessoas que partilharam 2018 connosco e/ou que nos inspiram:

  • Acácio Viegas, designer e artista plástico que nos está ajudar com a nova imagem do regenerar.
  • João Aguilar que tem um projeto que nos inspira: O Solo.pt – um restaurante único no mundo.
  • O restaurante Gomásio aqui perto de nós em Guimarães – tal como o João Aguilar – 100% orgânico e sustentável.
  • A Gimno Grávida do Porto que acompanhou todo o processo de gravidez da Marta.
  • Ao Instituto Macrobiótico de Portugal que tem sido a minha segunda casa e continua para nós a ser uma referência na comunidade macrobiótica mundial.
  • A Annelaure Pothin pela foto acima e pelas outras fantásticas que tirou ao nosso retiro de 2018
  • À Cecília Couchinho, a nossa indispensável e nutritiva mão direita na cozinha .
  • A todos os nossos alunos e subscritores que nos apoiam e confiam no nosso trabalho.

Boas práticas e bom ano de 2019.