Ainda é possível viver com as estações do ano?

O que é um Mahakalpa?

Segundo a tradição indiana um Mahakalpa é uma medida de tempo. Esta medida de tempo encontra-se utilizando um boi e colocando-lhe uma carroça que ele deverá puxar durante um dia de trabalho.

Por tentativa erro chegou-se mais ou menos à distância entre 8 a 10 km que o boi consegue percorrer.

Por uma questão de facilidade de cálculos vamos utilizar os 10 km.

Desses 10 km desenha-se uma área quadrada no chão, ou seja temos um hectare 10m2, o que equivale a um campo de futebol.

Agora pense que nesse campo de futebol vai passar cada 100 anos uma águia que vai deixar cair um lenço de seda, da mais fina e pura que já alguma vez viu.

100 anos depois passa outra águia e deixa cair outro lenço, assim sucessivamente e que eventualmente vão empilhando um em cima do outro.

Quando essa pilha de lenços chegar à altura do Monte Evereste (8848 m) então temos um Mahakalpa.

Quando se compara um Mahakalpa com a vida humana pode haver a realização de que a condição humana é breve e efémera, algures entre cada lenço que vai caindo, à medida que as águias passam a cada 100 anos.

p.s. em alguns textos  tradicionais refere-se em vez do “Era uma vez…” a expressão “Há milhares de Mahakalpas atrás…”

Isto para dizer que:

Por enquanto temos uma noção anedótica dos ciclos da natureza. A meteorologia é uma ciência em Portugal desde o século XVIII, ou seja pouco mais de 200 anos, ou seja ainda duas passagens de uma águia.

Não temos uma base de dados com tamanho suficiente para auferir com exactidão se as estações são efectivamente imprevisíveis, ou tem a ver com o desejo humano de que tudo deve estar arrumadinho e previsível de forma a ser melhor controlado.

Como estaria o tempo hoje há 1 Mahakalpa atrás?

Era uma vez na China em 2016

Estava eu perto de Beijing quando em Agosto houve uma tempestade fortíssima que causou inundações e mortos – uma coisa a sério. Nunca vi pessoalmente nada assim.

Dois dias de vento e chuvas torrenciais.

No comunicado do governo pós catástrofe, podia-se ler que a última tempestade com dimensões semelhantes tinha sido há 60 anos.

Ou seja, provavelmente temos aqui um ciclo e que provavelmente muitos eventos repetem-se, mas que vão para além da nossa memória ou extensão de vida humana.

As coisas certas que temos na vida

Na procura de viver com as estações existem aspectos que são imutáveis.

  • A duração dos dias
  • A impermanência
  • A capacidade de adaptação.

A duração dos dias

A quantidade de luz solar aumenta e diminui ao longo do ano.

No Livro do Imperador Amarelo, no Capítulo 2 sobre a arte de viver com as estações, pode-se ler a primeira recomendação: ir para a cama numa determinada hora dependendo da estação em que se está.

Ou seja no outono, independentemente do tempo que faz, e pode utilizar o 21 de Setembro como ponto de referência, fica o convite para ir para a cama mais cedo.  Mais cedo é 22.30, 23h – e esqueça se está sol, se está chuva ou se as estações estão como “no antigamente”.

No invernos se conseguir ir ainda mais cedo melhor, na primavera e verão dilate um pouco mais a hora de dormir pois os dias começam a crescer.

Os animais seguem este ritmo, para eles não há inverno nem verão, as horas de sono e quantidade de actividade ajustam-se com a luminosidade.

A impermanência

Quem é que lhe disse que o verão deste ano tem de ser igual ao verão do ano passado? E que a temperatura não pode variar? E que tem de estar bom tempo em Agosto?

Se vivemos neste planeta e queremos estar em paz com as estações temos de as aceitar como são, temos de agir segundo aquilo que elas nos proporcionam. Ajustando a alimentação, hábitos de vida e quantidade de actividade.

No passado a sabedoria empírica permitia olhar para as nuvens do dia anterior, à tardinha, e prever o próximo dia com uma precisão notável.

A única forma de lidar com a impermanência é mesmo a capacidade de observar e agir consoante o que nos é proposto pelo momento presente, não como gostaríamos que fosse, não pelas estatísticas ou probabilidades baseadas em anos anteriores.

Sim, existem catástrofes climatéricas imprevisíveis, assim como na vida humana, no entanto nos dias “normais”, quando observamos no sentido de prever para controlar, é comum ser necessário mais esforço para fazer o que quer que seja e a desilusão surge com mais facilidade.

Antídoto: Observar no sentido de compreender, para agir consoante aquilo que se apresenta, sem expectativas. Ter respeito pela natureza e pela sua sabedoria.

A capacidade de adaptação.

Um dos desbloqueadores de conversas mais comuns é falar do tempo. Que está frio, ou está calor, ou que disseram que para o mês que vem é que vai ser e que as estações já não são o que eram.

Pois é, o mesmo se diz dos adolescentes, do país, da economia, dos filmes, dos livros, das pessoas mais próximas que vivemos – “já não são o que eram.”

Um dos efeitos secundários de uma alimentação de acordo com as estações é que misteriosamente estes comentários deixam de surgir sobre os factores climatéricos.

Talvez porque se acredita na Medicina Oriental que se sentimos mais frio significa que temos frio dentro de nós, que se sente calor temos calor em excesso dentro de nós, se está humidade…, e que ter ou não estes factores dentro de nós está relacionado essencialmente com a alimentação que se consome.

Também se acredita se identificamos algum factor psicológico no “outro” que nos irrita plenamente também significa que esse factor psicológico está também dentro de nós – em excesso – por isso o reconhecemos tão bem.

Mas voltando ao clima…

A questão aqui está relacionada de como uma “alimentação com as estações” cria mais adaptação, pois os alimentos sazonais auxiliam a criar um equilíbrio entre o interior e o exterior.

Comer bananas todo o ano resulta no envio da mensagem ao corpo de que estamos sempre no verão, algures num país tropical – mesmo quando a temperatura toca quase nos 0º durante o inverno – e por isso se tem frio. Comunica-se de forma confusa o que se passa no exterior.

Uma luta que vencemos

No nosso Curso Regenerar este ano conseguimos algo que queríamos realizar desde que o curso começou: Em todos os módulos existe uma aula de cozinha – Ou seja quem o frequenta tem a oportunidade de na primeira pessoa, aprender a confecionar e selecionar os alimentos da época para se fortalecer de dentro para fora.

No sentido de criar um maior alinhamento com a estação em que vive.

E que afinal não são as estações do ano que estão a mudar, mas talvez a nossa incapacidade de aceitar como elas são e de criarmos uma adaptação eficaz e sustentável ao longo do ano e ao longo das nossas vidas.

Com alimentação, hábitos saudáveis e práticas de fortalecimento interno.

Dia 15 de Setembro

Termina o desconto de 10% para o pagamento na totalidade do Curso Regenerar – estamos já nas últimas vagas.

Boas práticas.