Viver um outono feliz

Chegou o Outono. E agora?

O outono começa em datas diferentes, pela razão que por sermos todos diferentes temos ritmos diferentes.

Durante estes anos o meu outono já começou no início de agosto como também às vezes em outubro.

O início desta estação dá-se quando um acontecimento nos leva a abrandar e a pensar, ou mesmo a parar.

Pode ser algo mais desafiante com a perca de alguém ou algo que nos é querido e subitamente desaparece das nossas vidas ou algo mais simples como a realização de que o período de luz solar está mesmo a diminuir ou a observação de uma folha em queda livre numa árvore num parque.

Este acontecimento, ou série deles, marca o final de uma estação e leva a nossa atenção para dentro onde na estação anterior ela esteve maioritariamente para fora – como acontece num verão saudável.

Cá em casa a Marta começou-me a falar no outono em meados de Agosto. Para ela a luz começou a mudar para tonalidades mais outonais.

Para mim começou no final de Agosto onde subitamente dei por mim a organizar quase compulsivamente tudo à minha volta e a realizar escolhas de simplificação entre aquilo que quero transportar na minha/nossa vida para os próximos meses e o que quero que fique para trás – algumas de uma vez por todas.

E a frase é:

Se tivesse que escolher uma citação que me ajudasse a compreender como viver melhor ou outono escolheria esta do Imperador Amarelo Capítulo 2.

“Permita que a mente encontre tranquilidade para minorar os castigos do outono.”

Assim como a primavera marca a fronteira de passagem entre o máximo de contração para o início da expansão o outono marca esta mesma fronteira mas entre máximo da expansão, verão, e o início da contração, inverno.

Estas são duas mudanças extremas e mesmo violentas para os habitantes deste planeta.

E isto é desafiante

Entre todos os inimigos que possamos ter na vida, aquele que não queremos ter são as estações do ano.

Ou seja, nadar contra a corrente nas estações do ano é cansativo, debilita e reduz consideravelmente a nossa qualidade de vida.

E isso sim é um castigo.

Ao estar no outono a pensar com saudosismo, como fuga ao momento presente que o outono lhe propõe, nas viagens que realizou, nas pessoas que conheceu, nas esplanadas e festivais que frequentou está no mínimo a invocar a ira do maior, melhor e mais implacável Mentor que alguma vez vai conhecer.

Talvez porque este Mentor, faz isso sem lhe cobrar absolutamente nada, é facilmente ignorado e subestimado.

O pedido

Este mentor propõe-lhe que olhe para dentro de si, que aproveite o tempo cinzento e os dias mais curtos para que observe o que lhe vai na alma.

Que simplifique e separe o que é essencial do acessório.

Este é um período privilegiado e que se não tiver este olhar clínico de simplificação sobre a sua vida e sobre aquilo que lhe dói ou cria desconforto interno, perde uma oportunidade de o fazer com menos esforço possível.

Esta oportunidade só se vai repetir de novo para o ano que vem.

Mente tranquila? Mas como?

“Permita que a mente encontre tranquilidade para minorar os castigos do outono.”

Embora possa ser uma opção excelente começar a meditar, não só agora mas em qualquer parte do ano, não é isso que o Livro do Imperador Amarelo recomenda.

Uma das formas mais poderosas de nos alinharmos com qualquer estação do ano é pela utilização de uma alimentação sazonal.

A utilização de uma alimentação sazonal permite uma das formas mais eficazes de comunicação com o corpo e com a mente.

Ou seja, está a comunicar ao seu corpo como é que o clima está cá fora e deixar que ele faça o resto por si.

Coma mangas, bananas, gelados, beba cerveja gelada com tremoços ou sumos de fruta tropical e está a dizer-lhe, ao seu corpo, que ainda está algures num país tropical em agosto – apesar de já ser outubro e estar a chover torrencialmente.

Confuso não é?

Para si, para o seu corpo e para quem convive consigo.

Esqueça por momentos a cabeça

E dedique-se a cuidar do corpo, a alinha-lo com as estações,

  • Pela alimentação sazonal,
  • Pelo sono que deve ser em maior quantidade,
  • Pela utilização de mais sabor salgado comparativamente com o verão,
  • Mais óleo comparativamente com o verão,
  • Tempos de cozedura mais longos,
  • Menos saladas,
  • Menos fruta privilegiando apenas as frutas da época,
  • Mais pickles caseiros,
  • Mais raízes como cenoura, nabo, pastinaga ou bardana cozinhados no forno ou de forma longa,
  • Mais cereais integrais cozinhados – especialmente arroz e centeio,
  • Mais tempo em casa a organizar o que é importante.

E ao alinhar o corpo físico o corpo emocional alinha naturalmente como por magia.

Não acredite em mim, tem mesmo de experimentar.

Mas não acaba aqui

Hábitos mais contractivos levam a uma propensão para um encontro maior consigo.

E temos a combinação, às vezes explosiva, de encontros imediatos de 1º grau com o que ficou emocionalmente debaixo da carpete no ano passado, ou que já conta com alguns anos de acumulação.

Sublinha-se aqui a importância, nestes momentos, de poder partilhar o seu universo interno com alguém em quem confia, alguém que seja um profissional na área ou mesmo realizar um curso breve ou intensivo onde possa aprofundar e suportar tudo o que possa surgir durante esta época do ano.

Todos a bordo!!!

Cada estação propõe-lhe experiências únicas de nutrição do seu ser. Umas, uma maior nutrição do exterior e outras do interior.

Na natureza nada foi deixado ao acaso, para que quem vive neste planeta possa usufruir da multitude de experiências que é possível viver num aqui e agora mais consciente.

Este processo pede atenção, dedicação, curiosidade, escuta pessoal e coragem de adaptação e transformação constante.

Estes são os ingredientes que podem fazer qualquer vida uma vida plena quando ouvimos os conselhos do Mentor.

Preparado/a para o próximo trajecto da viagem?

Boas práticas.

Lourenço de Azevedo

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